Tudo o que é interessante ou desinteressante, útil ou fútil, tudo o que você ama, ou odeia, está aqui! Da futilidade à intelectualidade, da moda aos livros, do cult ao besteirol, vamos enfatizar extremos do mundo feminino! Afinal, todos os dias são nossos!!!







domingo, 13 de março de 2011

...to be continued

Onde estás? Fugiste?  O espetáculo mal havia começado, as cortinas mal acabaram de se abrir...
Saiste no meio do meu parágrafo... Fiquei escrevendo sozinha...Tentei apagar teu capítulo, mas a borracha não me obedeceu e meu corretivo secou... Não vês que a caneta ainda transborda de tinta? E ainda fico pensando num jeito de corrigir a caligrafia que anda trêmula...
Vc bagunçou o meu roteiro... Logo vc, que inaugurou os meus mais lindos versos, que se tornou meu tema preferido... Desarmonizou meus diálogos, que se tornaram monólogos.
Como aquele vento Sudoeste que chega do nada, sacode e vai embora repentinamente, assim foi vc.
Deixou um silêncio incômodo a que eu não estou mais acostumada. Preencheu de paixão e desejo o espaço novo do coração vazio e saiu sem se despedir.... Arrumou as malas e voou em busca de outro pouso. 
Despiu-me delicadamente daquela dor incômoda, despertou-me sutilmente de um sono profundo e agora não sei encontrar, de novo, o caminho do torpor, pq vc não está mais lá.

Acabaste de inaugurar um novo capítulo: uma garoazinha de tristeza, uma saudade entreaberta, uma sensação de coisa inacabada. De coisa boa interrompida, fazendo da tua ausência algo tão presente, tão vivo, que toma forma, se humaniza e me abraça. E me faz ficar saudosa... Lamentando não poder mais olhar nos teus olhos pequenos que cerravam-se nos momentos de intimidade partilhada, nos cílios quase translúcidos, na mescla de cores que se formava da união de nós dois, na força da tua mandíbula que selava, o peso, a textura, as nuances, o sossego da voz, a risada, a seriedade, enfim...

Só me resta pensar, na verdade torcer, para que nós dois sejamos apenas como as águas desse mês de março que estão fechando o verão...



"O tempo passou. Dizem que o tempo é remédio pra tudo. O tempo faz a gente esquecer. Há pessoas que esquecem depressa. Outras apenas fingem que não se lembram mais."

(Érico Veríssimo_ “ O Tempo e o Vento”, O CONTINENTE, Tomo II)